sábado, 29 de setembro de 2007

Benfica vs. Sporting, 0-0


Rica arbitragem

A expectativa relativamente a este jogo era muito grande, não fosse este o jogo grande desta jornada; durante a semana, muita tinta correu relativamente a este jogo, e muito se falou sobre quem ia jogar, quem recuperava ou não, e, na parte final, falou-se sobre o árbitro do derby. Porém, ninguém imaginaria que o árbitro tivesse tanta influência no resultado, nem de longe imaginava. Relativamente a isso, falarei na parte devida, pelo que agora vou dar uma visão geral sobre o jogo.

Após ter visto o jogo, fiquei com a impressão de que o jogo tinha sido equilibrado, talvez com alguma superioridade do Sporting, mas que não tinha sido um grande jogo. Já mais tarde, vi o resumo tanto da SportTv, como da TVI, e conclui que o Sporting foi mesmo superior (teve mais oportunidades com perigo), e voltei a concluir que o jogo tinha sido mau. Para começar, aos 3 minutos, tivemos uma jogada que resultou num remate forte de Miguel Veloso, mas à figura, que Quim defendeu de forma meio atabalhoada, sobrando a bola para Simon Vukcevic, que remata já em esforço, levando a bola a embater em Quim e a ir para canto, não fosse o árbitro auxiliar ver um fora-de-jogo. Aos 5 minutos, mais uma vez um remate de Veloso, após jogada de Yannick Djaló, com a bola desta vez a sair por cima da barra; aos 9 minutos tivemos a primeira principal oportunidade do Benfica, com um remate de Nuno Gomes para defesa fácil de Stojkovic; aos 23 minutos foi a vez de Liedson aparecer com perigo, após mau alívio de Edcarlos, e rematar com pouca força; mais uma jogada de perigo para os lados de Alvalade aos 29 minutos, com uma boa jogada de Vukcevic, que serviu Romagnoli para este centrar para a área à procura de Yannick Djaló, não fosse Quim a chegar antes e desviar a bola; desta feita foi a vez de Katsouranis fazer um mau passe, bola sobrou para Yannick Djaló, que em corrida arranjou algum espaço para um remate que foi desviado por Quim para canto, se bem que o árbitro tenha optado por um pontapé de baliza; para acabar bem a primeira-parte, mais uma jogada do Sporting, com Romagnoli a meter em Yannick, que fez um compasso de espera para meter nas costas de Edcarlos para Vukcevic que rematou contra Nélson, que aparecia já perto da pequena área, à frente de Quim.

Na segunda-parte, o Benfica soltou-se mais e conseguiu criar mais jogadas, mas poucas para aquilo que se esperava. Assim, tivemos: uma primeira impressão de que o Benfica vinha com outra disposição para a segunda-parte aos 48 minutos, com Maxi Pereira a conquistar a bola a Liedson, depois de alguma confusão, para depois avançar uns metros e chutar ligeiramente ao lado de Stojkovic; aos 52 minutos, mais um passe de Romagnoli a desmarcar Liedson que frente-a-frente com Quim remata contra o corpo do guarda-redes português, saindo a bola para canto, sendo que, na sequência desse canto, depois de um jogador do Benfica não chegar à bola, Tonel, que apareceu ao primeiro poste, não tem tempo suficiente para rematar como desejaria e, como tal, remata ligeiramente ao lado; resposta do Benfica aos 57 minutos, com remate forte de Rui Costa de fora da área, para defesa de Stojkovic para a frente, na tentativa de apanhar à segunda, não fosse a bola ir muito para a frente; na sequência dessa jogada, Stojkovic não teve o apoio devido dos seus defesas, que julgaram que a jogada estava controlada, mas que não viram Nuno Gomes a movimentar-se, e, se não fosse a rapidez dos movimentos de Stojkovic (defendeu, caiu, levantou-se e ainda diminuiu o espaço de manobra a Nuno Gomes), Nuno Gomes poderia ter marcado, tendo a bola passado a poucos centímetros da baliza leonina; aproveitando este pendor ofensivo, o Benfica teve mais uma jogada aos 64 minutos, numa combinação entre Rui Costa e Di María, que resultou num remate do argentino; aos 82 minutos, o capitão Moutinho endereçou a bola a Romagnoli que, após uma corrida, passou por Edcarlos e rematou com alguma força para defesa segura de Quim; para terminar, Miguel Veloso serviu Abel que executou um remate cruzado ao lado da baliza de Quim.

Como vemos por este breve resumo das principais jogadas de perigo, o Sporting dominou, tal como os resumos que pudemos ver, se estivessem bem feitos, mostraram. A razão pela qual eu cheguei a julgar que o jogo tinha sido equilibrado prende-se com o facto de o Benfica ter estado mais vezes no ataque, se bem que com pouco perigo, já que ou não chutava (por decisão dos jogadores ou porque os jogadores do Sporting não davam espaço), ou perdia a bola (como numa jogada de Di María em que este tem uma boa oportunidade, depois de ganhar espaço em corrida, mas depois abrandou e optou por um passe, que foi cortado pela defensiva leonina). Assim, a haver um vencedor, seria o Sporting, por tudo aquilo (de perigo) que fez a mais que o Benfica.

Benfica
Equipa titular
12-Quim
22-Nélson
4-Luisão (3º cap.)
3-Edcarlos
5-Léo
8-Katsouranis
14-Maxi Pereira
20-Di María
10-Rui Costa (cap.)
26-Rodríguez
21-Nuno Gomes (sub-cap.)

Suplentes
24-Butt
2-Luís Filipe
17-Zoro
18-Bynia
25-Nuno Assis
30-Adu
7-Cardozo

Substituições
74'-Entrou Cardozo, saiu Nuno Gomes (passando Rui Costa a capitão)
83'-Entrou Adu, saiu Di María
89'-Entrou Nuno Assis, saiu Rui Costa (passando Luisão a capitão)

Sporting
Equipa titular
34-Stojkovic
78-Abel
13-Tonel
4-Polga
8-Ronny
24-Miguel Veloso
28-João Moutinho (cap.)
10-Simon Vukcevic
30-Romagnoli
20-Yannick Djaló
31-Liedson

Suplentes
16-Tiago
26-Gladstone
5-Paredes
6-Adrien Silva
21-Farnerud
88-Celsinho
9-Purovic

Substituições
69'-Entrou Farnerud, saiu Simon Vukcevic
84'-Entrou Celsinho, saiu Yannick Djaló

Disciplina
43'-Edcarlos (A)
49'-Abel (A)
70'-Rodríguez (A)

Golos
Nada a registar...

Destaques
Benfica
Quim: Mais uma vez, teve bastante trabalho pela frente, e resolveu quase todo esse trabalho com distinção.
Rodríguez: Foi sem dúvida o elemento mais perigoso da equipa da casa. Levou muito jogo para a frente, apoiou Léo quando necessário, rematou, pecou apenas nalguma demora nalguns passes.
Sporting
Polga: Até dá gosto ver a forma perfeitamente clama com que aborda os lances perigosos da outra equipa e, depois, com igual tranquilidade, coloca a bola jogável na frente.
Romagnoli: Aguentou, pela segunda vez este ano, um jogo completo, o que demonstra que aumentou claramente os seus índices físicos. As suas constantes rupturas pelo meio dos defesas, os seus passes de ruptura e as incursões pelas alas viram juntar-se-lhes remates e centros perigosos.

Equipa de arbitragem

Árbitro principal: Pedro Henriques
Árbitros assistentes: José Cardinal e Gabínio Evaristo
4º Árbitro: Elmano Santos

Um autêntico festival esta arbitragem. Lances duvidosos dentro da grande área, não faltaram. Para começar, um aos 10 minutos que, a meu ver, foi bem decidido; ambos os jogadores estavam na disputa da bola, e Ronny antecipou-se, tendo Rodríguez ido contra ele.

Dez minutos depois, foi a vez de o Sporting protestar uma falta de Katsouranis sobre Romagnoli. Para mim, Romagnoli fez aquilo que sempre faz, ou seja, fez uma incursão em que, para passar por um adversário, espera sempre pelo momento certo; Katsouranis, ao ver a bola passar à sua frente, meteu a perna à frente, na tentativa de disputar a bola, só que não lhe tocou, apenas tocou na perna que se ia apoiar no chão de Romagnoli e, como tal, fê-lo cair, fazendo falta. Não entendo como é que Jorge Coroado, no Tribunal d'O Jogo, diz que "Katsouranis antecipa-se ao adversário e, com o pé direito, tira-lhe a bola sem qualquer infracção"; das duas uma: ou está a confundir esta jogada com outra, ou é cego. Desde quando é que Katsouranis tira a bola a Romagnoli? Como é que Katsouranis, todo esticado no chão, consegue ter a bola em seu domínio, já que tirou a bola a Romagnoli, com a bola a encontrar-se nas suas costas? Um dos argumentos usados para defender a tese de que não tinha sido penalty foi a de que os jogadores do Sporting nem protestaram. Eu pergunto: agora funciona-se por pressão ao árbitro e por braços no ar a pedir penalty? Realmente, há muitos jogadores que funcionam assim, mas que eu saiba, quando os jogadores protestam veemente devem levar amarelo (se bem que tal poucas vezes aconteça), ou será que essa regra só foi utilizada no Mundial de 2006?

Antes de haver mais alguma jogada duvidosa numa das áreas, o festival não parou. Como é que Léo conseguiu terminar o jogo sem nenhum amarelo? Até aos 30 minutos, este jogador fez 3 faltas (2 em tesoura sobre Liedson, e uma sobre Moutinho) e refilou 2 vezes com o árbitro! Depois, aos 49 minutos, o árbitro mostrou um amarelo a Abel numa jogada cujo modelo já tinhamos visto anteriormente neste jogo por parte de Léo e de Katsouranis, mas sem admoestação, isto porque Abel só pode fazer tal tipo de faltas uma única vez... Aos 50 minutos, pela segunda vez, um canto por marcar a favor do Sporting (o primeiro foi num remate cruzado de Yannick), em que o árbitro diz que é pontapé-de-baliza, e em que até se ouviu o impacto da bola num jogador de Benfica (Edcarlos, se não me engano). Dez minutos volvidos, mais um amarelo a ficar no bolso: Rui Costa dá uma valente cacetada sobre Liedson, que mereceu um comentário curioso de Humberto Coelho (comentador da SportTv neste jogo), já que este disse que se tratava de experiência por parte Rui Costa. Se experiência é isto, então prefiro ver jogadores inexperientes a jogar de forma correcta, sem correr o risco de colocar em risco a integridade física.

72 minutos, tempo para mais uma jogada na área do Benfica: lançamento lateral é efectuado em direcção a Romagnoli, que faz uma simulação, e a bola vai embater no braço esquerdo de Katsouranis que, segundos antes, não estava naquela posição. Para aqueles que ainda têm dúvidas que se trata de um lance passível de ser penalty, eu explico-vos aquilo que se passou: Romagnoli ao simular que ia à bola, deixou Katsouranis numa situação em que tem de agir rapidamente e, ao aperceber-se que a bola se ia escapar para Farnerud, colocou o braço junto ao seu corpo, por forma a evitar tal situação. Todos aqueles que já jogaram futebol, sabem perfeitamente do que eu estou a falar. E aqueles que parece que nunca jogaram futebol mas que conseguem tirar conclusões sobre lances duvidosos também me devem conseguir responder à seguinte pergunta: se o braço estava tão imóvel e tão colocado na tentativa de não tocar na bola, porque é que Katsouranis tem um curioso movimento de se virar para a direita? Se esses entendidos dizem que a bola simplesmente embateu no braço, então porque é que a bola ficou tão jogável para a sua direita, ou seja, em direcção à baliza do Sporting, quando esta vinha directamente de um lançamento de linha lateral?

O problema da jogada é que o árbitro não assinalou nada, mesmo tendo indicações contrárias (e correctas) de um dos seus auxiliares. Lá porque o auxiliar se chamava Gabínio Evaristo, não quer dizer que ele tenha problemas de vista e veja aquilo que muitos não vêem (ou não querem ver). Para ajudar a esta primeira desconsideração para com o seu auxiliar, o árbitro voltou a desconsiderá-lo na medida em que havia vários jogadores do Benfica a pressionarem o árbitro auxiliar e a protestarem de uma forma perfeitamente desregrada, e nem um único amarelo saiu da algibeira do senhor militar. Três perguntas para concluir este lance: se o árbitro tinha tanta certeza de que, segundo ele, tinha sido com o ombro, então porque parou o jogo? Os auriculares servem simplesmente, como disse e bem Paulo Bento, para enfeitar? Saiu alguma lei que diga que só é penalty quando a bola toca na cabeça de um jogador, e não quando toca no braço, como sempre foi?

Para terminar, aos 90+2 minutos tivemos mais uma jogada polémica: Adu surge perto da área e, de um momento para o outro muda de rumo e obriga João Moutinho a esticar a perna na tentativa de interceptar a bola. Quanto a mim, sem dúvida que há falta, mas não pude descortinar se essa falta foi dentro ou fora da área, já que não vi nenhuma televisão a parar a imagem mais esclarecedora dessa jogada no momento em que se dá o contacto entre os jogadores, talvez porque não lhes convém. Numa outra perspectiva, podemos ver o pé de João Moutinho antes do de Adu, já que o contacto travou-se entre as canelas dos dois jogadores e, como tal, e tendo em conta a outra perspectiva, o contacto terá sido fora da área. O que eu não entendo é como é que há algumas pessoas que consideram que há falta nesta jogada, mas que na jogada de Katsouranis com Romagnoli dizem que nada houve, quando se tratam de faltas idênticas, já que, em ambas, há um jogador que passa por outro, e este último estica a perna e tenta interceptar a bola, só que a bola já está mais adiantada e, como tal, não lhe consegue chegar.

Como é que Soares Dias, também no Tribunal d'O Jogo, aquando da falta de Katsouranis sobre Romagnoli diz "Não me parece haver qualquer falta. Katsouranis tenta jogar a bola, não o consegue e o contacto é inevitável, mas normal", e na de Moutinho sobre Adu diz "Fica a ideia de que João Moutinho comete grande penalidade sobre o jogador do Benfica, tocando-lhe no pé. Pénalti que ficou por marcar"? 1º aspecto: se tentarmos jogar a bola, não o conseguirmos, e fizermos penalty, não interessa; o curioso é que, segundo este raciocínio, aquela jogada entre Gladstone e Matheus no Sporting vs. Vitória de Setúbal não era passível de grande-penalidade contra o Sporting, mas, para este mesmo senhor, ai já foi cometida uma infracção. 2º aspecto: Soares Dias não viu a jogada, e não viu que o contacto entre os jogadores se passou ao nível das canelas (não quero com isto dizer que não tenha sido falta). 3º aspecto: o que é que as duas jogadas têm de diferente? Será que a diferença reside no facto de numa os jogadores e (como não poderia deixar de ser...) os adeptos protestaram, e noutra os jogadores e os adeptos em minoria deixarem o árbitro decidir sem qualquer tipo de pressão?

Uma coisa eu sei: o Sporting sempre que joga fora de Alvalade é prejudicado: contra o FC Porto, livre indirecto arranjado por pressão de Postiga, do público e do auricular...; contra o Estrela da Amadora, dois penalties por assinalar; contra o Benfica, dois penalties por marcar, assim como outras decisões no mínimo duvidosas.

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