21-Nuno Gomes (sub-cap.)
Dez minutos depois, foi a vez de o Sporting protestar uma falta de Katsouranis sobre Romagnoli. Para mim, Romagnoli fez aquilo que sempre faz, ou seja, fez uma incursão em que, para passar por um adversário, espera sempre pelo momento certo; Katsouranis, ao ver a bola passar à sua frente, meteu a perna à frente, na tentativa de disputar a bola, só que não lhe tocou, apenas tocou na perna que se ia apoiar no chão de Romagnoli e, como tal, fê-lo cair, fazendo falta. Não entendo como é que Jorge Coroado, no Tribunal d'O Jogo, diz que "Katsouranis antecipa-se ao adversário e, com o pé direito, tira-lhe a bola sem qualquer infracção"; das duas uma: ou está a confundir esta jogada com outra, ou é cego. Desde quando é que Katsouranis tira a bola a Romagnoli? Como é que Katsouranis, todo esticado no chão, consegue ter a bola em seu domínio, já que tirou a bola a Romagnoli, com a bola a encontrar-se nas suas costas? Um dos argumentos usados para defender a tese de que não tinha sido penalty foi a de que os jogadores do Sporting nem protestaram. Eu pergunto: agora funciona-se por pressão ao árbitro e por braços no ar a pedir penalty? Realmente, há muitos jogadores que funcionam assim, mas que eu saiba, quando os jogadores protestam veemente devem levar amarelo (se bem que tal poucas vezes aconteça), ou será que essa regra só foi utilizada no Mundial de 2006?
Antes de haver mais alguma jogada duvidosa numa das áreas, o festival não parou. Como é que Léo conseguiu terminar o jogo sem nenhum amarelo? Até aos 30 minutos, este jogador fez 3 faltas (2 em tesoura sobre Liedson, e uma sobre Moutinho) e refilou 2 vezes com o árbitro! Depois, aos 49 minutos, o árbitro mostrou um amarelo a Abel numa jogada cujo modelo já tinhamos visto anteriormente neste jogo por parte de Léo e de Katsouranis, mas sem admoestação, isto porque Abel só pode fazer tal tipo de faltas uma única vez... Aos 50 minutos, pela segunda vez, um canto por marcar a favor do Sporting (o primeiro foi num remate cruzado de Yannick), em que o árbitro diz que é pontapé-de-baliza, e em que até se ouviu o impacto da bola num jogador de Benfica (Edcarlos, se não me engano). Dez minutos volvidos, mais um amarelo a ficar no bolso: Rui Costa dá uma valente cacetada sobre Liedson, que mereceu um comentário curioso de Humberto Coelho (comentador da SportTv neste jogo), já que este disse que se tratava de experiência por parte Rui Costa. Se experiência é isto, então prefiro ver jogadores inexperientes a jogar de forma correcta, sem correr o risco de colocar em risco a integridade física.
72 minutos, tempo para mais uma jogada na área do Benfica: lançamento lateral é efectuado em direcção a Romagnoli, que faz uma simulação, e a bola vai embater no braço esquerdo de Katsouranis que, segundos antes, não estava naquela posição. Para aqueles que ainda têm dúvidas que se trata de um lance passível de ser penalty, eu explico-vos aquilo que se passou: Romagnoli ao simular que ia à bola, deixou Katsouranis numa situação em que tem de agir rapidamente e, ao aperceber-se que a bola se ia escapar para Farnerud, colocou o braço junto ao seu corpo, por forma a evitar tal situação. Todos aqueles que já jogaram futebol, sabem perfeitamente do que eu estou a falar. E aqueles que parece que nunca jogaram futebol mas que conseguem tirar conclusões sobre lances duvidosos também me devem conseguir responder à seguinte pergunta: se o braço estava tão imóvel e tão colocado na tentativa de não tocar na bola, porque é que Katsouranis tem um curioso movimento de se virar para a direita? Se esses entendidos dizem que a bola simplesmente embateu no braço, então porque é que a bola ficou tão jogável para a sua direita, ou seja, em direcção à baliza do Sporting, quando esta vinha directamente de um lançamento de linha lateral?
O problema da jogada é que o árbitro não assinalou nada, mesmo tendo indicações contrárias (e correctas) de um dos seus auxiliares. Lá porque o auxiliar se chamava Gabínio Evaristo, não quer dizer que ele tenha problemas de vista e veja aquilo que muitos não vêem (ou não querem ver). Para ajudar a esta primeira desconsideração para com o seu auxiliar, o árbitro voltou a desconsiderá-lo na medida em que havia vários jogadores do Benfica a pressionarem o árbitro auxiliar e a protestarem de uma forma perfeitamente desregrada, e nem um único amarelo saiu da algibeira do senhor militar. Três perguntas para concluir este lance: se o árbitro tinha tanta certeza de que, segundo ele, tinha sido com o ombro, então porque parou o jogo? Os auriculares servem simplesmente, como disse e bem Paulo Bento, para enfeitar? Saiu alguma lei que diga que só é penalty quando a bola toca na cabeça de um jogador, e não quando toca no braço, como sempre foi?
Para terminar, aos 90+2 minutos tivemos mais uma jogada polémica: Adu surge perto da área e, de um momento para o outro muda de rumo e obriga João Moutinho a esticar a perna na tentativa de interceptar a bola. Quanto a mim, sem dúvida que há falta, mas não pude descortinar se essa falta foi dentro ou fora da área, já que não vi nenhuma televisão a parar a imagem mais esclarecedora dessa jogada no momento em que se dá o contacto entre os jogadores, talvez porque não lhes convém. Numa outra perspectiva, podemos ver o pé de João Moutinho antes do de Adu, já que o contacto travou-se entre as canelas dos dois jogadores e, como tal, e tendo em conta a outra perspectiva, o contacto terá sido fora da área. O que eu não entendo é como é que há algumas pessoas que consideram que há falta nesta jogada, mas que na jogada de Katsouranis com Romagnoli dizem que nada houve, quando se tratam de faltas idênticas, já que, em ambas, há um jogador que passa por outro, e este último estica a perna e tenta interceptar a bola, só que a bola já está mais adiantada e, como tal, não lhe consegue chegar.
Como é que Soares Dias, também no Tribunal d'O Jogo, aquando da falta de Katsouranis sobre Romagnoli diz "Não me parece haver qualquer falta. Katsouranis tenta jogar a bola, não o consegue e o contacto é inevitável, mas normal", e na de Moutinho sobre Adu diz "Fica a ideia de que João Moutinho comete grande penalidade sobre o jogador do Benfica, tocando-lhe no pé. Pénalti que ficou por marcar"? 1º aspecto: se tentarmos jogar a bola, não o conseguirmos, e fizermos penalty, não interessa; o curioso é que, segundo este raciocínio, aquela jogada entre Gladstone e Matheus no Sporting vs. Vitória de Setúbal não era passível de grande-penalidade contra o Sporting, mas, para este mesmo senhor, ai já foi cometida uma infracção. 2º aspecto: Soares Dias não viu a jogada, e não viu que o contacto entre os jogadores se passou ao nível das canelas (não quero com isto dizer que não tenha sido falta). 3º aspecto: o que é que as duas jogadas têm de diferente? Será que a diferença reside no facto de numa os jogadores e (como não poderia deixar de ser...) os adeptos protestaram, e noutra os jogadores e os adeptos em minoria deixarem o árbitro decidir sem qualquer tipo de pressão?
Uma coisa eu sei: o Sporting sempre que joga fora de Alvalade é prejudicado: contra o FC Porto, livre indirecto arranjado por pressão de Postiga, do público e do auricular...; contra o Estrela da Amadora, dois penalties por assinalar; contra o Benfica, dois penalties por marcar, assim como outras decisões no mínimo duvidosas.
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