domingo, 29 de junho de 2008

Final do UEFA EURO 2008

UEFA EURO 2008-Final

29 de Junho de 2008
Ernst-Happel Stadion, Wien


Deutschland 0-1 España

Ao fim de 3 semanas e 3o jogos depois, soubemos que o 31º e último jogo seria disputado entre Alemanha e Espanha. De um lado, o poderio físico, do outro, o futebol de ataque q.b., visto que não podemos esquecer que durante todo a fase final deste europeu foram poucas as vezes que Sergio Ramos e Capdevila subiram no terreno, e a estes juntaram-se a dupla de centrais e o médio mais defensivo desta equipa, Senna.

Depois de uma carreira algo irregular, marcada por jogos menos conseguidos, a Alemanha lá se foi recompondo. Entrou bem contra a Polónia (vitória mais alargada da equipa alemã), num jogo que nos deixou com água na boca para o resto do campeonato europeu. Logo na jornada seguinte, derrota com a Croácia e evidentes falhas a meio-campo e inoperância ofensiva. Seguiu-se o jogo contra a anfitrã Áustria, num jogo acima de tudo eficaz. Garantido o apuramento para a fase seguinte em virtude de um 2º lugar no grupo B, foi Portugal quem se seguiu no caminho alemão. Entrada de rompante, com 2 golos bem próximos um do outro; controlo do jogo sem grandes esforços; grande povoamento nas zonas mais recuadas de modo a dificultar a tarefa lusa; e novamente eficácia. Seguiu-se a Turquia, que criou inesperadas dificuldades e que se tivesse ganho não teria sido um grande espanto. Porém, novamente veio ao de cima a maior qualidade alemã, que em conjunto com alguma ponta de sorte ajudou a despachar os turcos nos momentos finais de jogo. E assim se conheceu o 1º finalista da edição 2008.

A Espanha era, até à final, a melhor equipa, visto que ainda não tinha perdido um único jogo, e apenas empatou um, que viria depois a ganhar nas grande penalidades (contra a Itália). Num grupo muito parecido com o de 2004 (apenas lá faltava Portugal no lugar da Suécia), a Espanha despachou com inesperada facilidade a Rússia, seguindo-se a Suécia, num jogo ganho com alguma sorte. Para o derradeiro jogo da fase de grupos, houve rotação da equipa, mas mesmo assim os "nuestros hermanos" venceram o jogo (com a Grécia). Seguiu-se a Itália, num jogo com grande passado, visto que a Espanha não ganhava à Itália há 88 (!) anos, e porque a data do jogo, 22 de Junho, em conjunto com a fase do europeu em questão, quartos-de-final, eram de má memória para os espanhóis, que já haviam sido eliminados de um europeu e de dois mundiais precisamente neste dia, e nesta fase (quartos-de-final). O jogo foi equilibrado e o vencedor só foi encontrado através da marcação de grandes penalidades, onde alguma sorte e algum Casillas resolveram a questão. Seguiu-se um reencontro com a Rússia, equipa que vinha em crescendo de forma desde o 1º jogo contra a Espanha, e que beneficiava e muito da frescura física dos seus jogadores, dado que a sua maioria actua no campeonato russo, e este apenas começa em Março. ovamente, uma goleada aos russos que nem pareciam os mesmos que dias antes haviam afastado facilmente a Holanda.

Conhecidos os 2 finalistas, era tempo de discutir a restaurada taça Henri Delaunay. Entrou muito bem a Alemanha, empurrando a equipa espanhola para a sua defesa. Nestes primeiros minutos, a Espanha parecia condenada, visto que não conseguia criar jogo, não conseguia criar jogo, limitava-se a chutar a bola para o desamparado e solitário Torres. Porém, progressivamente, as linhas foram subindo e os centro-campistas foram-se aproximando-se de Torres, e a Espanha foi recuperando. Recuperou de tal forma que aos 23', na sequência dum centro vindo da direita do ataque espanhol, Torres saltou mais alto que o gigante Mertesacker (1,96m) e mandou a bola ao poste esquerdo da baliza de Lehmann. A pressão manteve-se, o impeto inicial alemão foi-se apagando, os remates foram-se sucedendo (como o de Capdevila numa das suas (raras) incursões ofensivas) e o golo aconteceu, num lance de desentendimento entre Lahm e Lehmann prontamente aproveitado por Torres. E até aos 40', foi total o domínio espanhol, tendo-se apenas registado um lance com princípio-meio-e-fim que culminou num remate de Hitzlsperger. Depois dos 40', e até ao intervalo, o jogo foi dividido, mas sem grandes oportunidades.

Esperava-se uma atitude diferente vinda da Alemanha na 2ª parte, mas até aos 60' assistiu-se a mais domínio espanhol. Este domínio foi apenas contrariado aquando da entrada de Kuranyi, entrada esta que alterou o sistema táctico alemão de um 4-2-3-1 para um 4-4-2. Esta mudança táctica fez Espanha tremer um bocado...até que se adaptou novamente a este esquema. E aqui temos que dar os parabéns a Aragonés, que apercebeu-se das consequências desta mudança táctica alemã, e que prontamente actuou no sentido de a neutralizar. Isto foi conseguido com a entrada de Xabi Alonso para o lugar do intermitente Fabregas, passando assim Espanha a dispôr de 2 médios mais defensivos, e passando Senna a ter apoio. Rapidamente a equipa espanhola se adaptou, e aos 67' já estava novamente quase a marcar outro: livre de Xavi a encontrar a cabeça de Sergio Ramos, para uma defesa de Lehmann para canto; na sequência do canto, Iniesta chuta e Frings, intersepta a bola e esta sai para lançamenteo de linha lateral; na sequência deste mesmo, bola vai de um lado para o outro do campo e novamente Iniesta quase a marcar. A Alemanha lá tentava responder, principalmente aproveitando-se de lances de bola parada, como num livre de Frings aos 70' num posição semelhante à do 3º golo alemão contra Portugal, mas desta vez a bola foi muito chegada a Casillas, que a socou. Depois assistiram-se a alguns minutos de fraca qualidade, até que aos 75' volta a aparecer Torres que, só com Mertesacker pela frente, adianta muito a bola quando o tenta fintar. Novamente a Espanha a assumir o controlo do jogo e a criar as principais oportunidades, como aos 81' quando Cazorla centra, Güiza mete de cabeça para o meio e Senna não chega por pouco; ou aos 83' num livre de Xavi para o meio em que a bola sobra para Xabi Alonso que a chuta, mas esta encontra uma cabeça alemã.

A Alemanha tentava desesperadamente fazer qualquer coisa colocando a bola e 4 homens lá na frente (Gomez, Kuranyi, Podolski e Mertesacker), mas todos sabemos que só com muita felicidade é que se chega assim ao golo. Faltava à Alemanha o que faltou quase todo o jogo: capacidade de contrução de jogo no meio campo e circulação de bola. Como tal, foi com naturalidade que a Espanha se sagrou campeã europeia, 44 anos depois.


Deutschland
Equipa titular
1-Lehmann (Arsenal)
3-Arne Friedrich (Hertha)
17-Mertesacker (Werder Bremen)
21-Metzelder (Real Madrid)
16-Lahm (Bayern München)
8-Frings (Werder Bremen)
15-Hitzlsperger (Stuttgart)
13-Ballack (Chelsea) (cap.)
7-Schweinsteiger (Bayern München)
20-Podolski (Bayern München)
11-Klose (Bayern München)

Suplentes
12-Enke (Hannover)
23-Adler (Bayer Leverkusen)
2-Jansen (Bayern München)
4-Fritz (Werder Bremen)
5-Westermann (Schalke 04)
6-Rolfes (Bayer Leverkusen)
18-Borowski (Werder Bremen)
14-Trochowski (Hamburger SV)
19-Odonkor (Betis)
9-Gómez (Stuttgart)
10-Neuville (Borussia Mönchengladbach)
22-Kuranyi (Schalke 04)

Seleccionador
Joachim Löw

Substituições
Intervalo-Entrou Jansen, saiu Lahm
58'-Entrou Kurannyi, saiu Hitzlsperger
79'-Entrou Gómez, saiu Klose

España
Equipa titular1-Casillas (Real Madrid (cap.)
15-Sergio Ramos
5-Puyol (Barcelona)
4-Marchena (Valencia)
11-Capdevila (Villareal)
19-Senna (Villareal)
8-Xavi (Barcelona)
10-Fabregas (Arsenal)
21-David Silva (Valencia)
6-Iniesta (Barcelona)
9-Torres (Liverpool)

Suplentes
13-Palop (Sevilla)
23-Reina (Liverpool)
18-Arbeloa (Liverpool)
20-Juanito (Betis)
2-Albiol (Valencia)
3-Navarro (Mallorca)
14-Xabi Alonso (Liverpool)
22-De la Red (Getafe)
12-Cazorla (Villareal)
16-Sergio García (Zaragoza)
7-Villa (Valencia)
17-Güiza (Mallorca)

SeleccionadorLuis Aragonés

Substituições
63'-Entrou Xabi Alonso, saiu Fabregas
66'-Entrou Cazorla, saiu David Silva
78'-Entrou Güiza, saiu Torres

Disciplina
43'-Ballack (A)
43'-Casillas (A)
74'-Torres (A)
88'-Kuranyi (A)

Golos0-1, Fernando Torres (33')

Destaques
Deutschland
Ballack: Não é fácil escolher um jogador alemão para esta categoria, visto que a Alemanha foi praticamente anulada pela Espanha depois daqueles 15 minutos iniciais. Todavia, talvez o seu capitão, Ballack, tenha sido aquele que tentou remar contra a maré espanhola com mais afinco. Apesar duma ou outra entrada mais dura e intimidatória da sua parte, Ballack esteve sempre presente e o jogo passava sempre por ele.



España
Xavi: 5 estrelas no passe e na circulação de bola. Ele e Iniesta, a dupla do Barcelona, foram uma peça fundamental para este triunfo, tendo porém Xavi destacado-se pela assistência para o golo de Torres, pela preponderância que assumiu nos últimos minutos em que se impunha circulação de bola para queimar tempo e pela importância na 1ª fase de criação de jogo ofensivo, vist que recuava quase até à linha de Senna para a partir dai lançar os ataques.

Torres: Eleito "man of the match", em parte devido ao golo decisivo que marcou. Mas não foi só por isso: El Niño causou constantemente dificuldades à dupla de centrais (dura de rins) alemã, e a bola que enviou ao poste cerca de 10 minutos antes do golo é um bom exemplo disto.


Equipa de arbitragem

Árbitro principal: Roberto Rosetti (Itália)
Árbitros assistentes: Alessandro Griselli (Itália) e Paolo Calcagno (Itália)
4º Árbitro: Peter Fröjdfeldt (Suécia)

Cometeu um ou outro erro, sempre dentro do normal, mas tentou sempre não ser protagonista. Não se entendeu o amarelo para Casillas (para além de ser capitão, apenas foi lá separar os dois jogadores que se tinham envolvido e serenar os ânimos); no lance da mão de Capdevila decidiu, a meu ver, bem, dado que se tratou duma mão casual (o jogador dominou a bola e esta ressaltou até à sua mão, não se verificando qualquer alteração no movimento do braço). Nota positiva portanto.