domingo, 19 de agosto de 2007

Sporting vs. Académica, 4-1



Sporting inicia campeonato da melhor maneira: com uma goleada em casa



Num dos clássicos do futebol português, que eu tive o privilégio de assistir in loco ao vivo e que noutro tempos já foi bem mais renhido, o Sporting venceu com relativa facilidade a Académica de Coimbra. Depois de uma primeira parte mais produtiva em termos de golos do que em termos de bom futebol, o Sporting principiou a segunda parte com outra atitude. As jogadas de perigo foram em muito maior número, e, por vezes, julgava-se mesmo que este não era apenas o segundo jogo oficial disputado pelo Sporting, tal o entendimento entre os jogadores. Porém, esses momentos foram poucos, já que também a Académica melhorou na segunda parte com as substituições levadas a cabo pelo mister Manuel Machado. Em termos defensivos, o Sporting não esteve brilhante, principalmente na segunda parte, onde toda a equipa se empenhava nos lances ofensivos, esquecendo-se muitas vezes de vir atrás e ajudar a defesa. Do lado dos estudantes, houve sempre alguma dificuldade em acompanhar os dois avançados da equipa leonina, tanto quando jogaram com quatro como quando jogaram com três defesas. Do ponto de vista ofensivo, os leões estiveram bem, tanto pela dupla (luso-)brasileira, que merece especial destaque pelo entrosamento que vai demonstrando, bem como para o estreante Vukcevic, que teve dois ou três registos de qualidade, e que esteve (e bem) no lance que abriu o jogo, ou seja, o primeiro golo. Do lado da Briosa, tivemos o incansável Lito (ex-Naval 1º de Maio), que só teve uma companhia complementar com a entrada do húngaro Gyanó, já que Joeano, avançado com características parecidas com as de Lito, pouco ou nada conseguiu fazer com a oposição de Polga e de Tonel, essencialmente. No entanto, de um modo geral, o Sporting foi sempre dominador, fazendo aquilo que já o vêm caracterizando, se bem que ainda não da forma pretendida: não deixar jogar o seu adversário. Duas notas finais: jogadores da Académica distribuíram muita fruta (Moutinho, Derlei, Yannick, Liedson, Vukcevic foram alguns dos que apreciaram alguns dos exemplares do pomar de Coimbra) tendo havido uma altura em que o médico e o massagista do Sporting mais valia ficarem em campo; melhoria do relvado de Alvalade: ainda não está cinco estrelas, dado que ainda tinha alguns tufos levantados após jogadas mais disputadas, mas para lá parece caminhar.



Sporting

Equipa titular

34-Stojkovic
78-Abel
13-Tonel
4-Polga
8-Ronny
24-Miguel Veloso
28-João Moutinho (cap.)
10-Simon Vukcevic
30-Romagnoli
11-Derlei
31-Liedson

Suplentes

12-Tiago
3-Maryan Had
26-Gladstone
6-Adrien Silva
25-Bruno Pereirinha
21-Farnerud
20-Yannick Djaló

Substituições

72'-Entrou Farnerud, saiu Vukcevic
72'-Entrou Yannick Djaló, saiu Romagnoli
90+2'-Entrou Adrien Silva, saiu Derlei


Académica

Equipa titular

24-Pedro Roma (cap.)
5-Berger
21-Litos
4-Kaká
15-Orlando
8-Paulo Sérgio
17-Cris
33-Tiero
25-Ivanildo
2-Joeano
11-Lito

Suplentes

12-Ricardo
22-Sarmento
23-Pavlovic
78-N'Doye
7-Hélder Barbosa
10-Miguel Pedro
29-Gyanó



Substituições
Intervalo-Entrou N'Doye, saiu Berger
Intervalo-Entrou Gyanó, saiu Ivanildo
63'-Entrou Hélder Barbosa, saiu Joeano



Disciplina
89'-Pedro Roma (A)
89'-Kaká (A)



Golos
1-0, Derlei (27')
2-0, Liedson (45')
3-0, Tonel (69')
3-1, Gyanó (84')
4-1, João Moutinho (90')


Análise individual
Sporting

Stojkovic: Exibição tranquila do novo guarda-redes titular do Sporting que, após uma primeira parte onde praticamente nada fez, teve uma segunda parte mais activa, com duas intervenções: uma primeira em que tenta evitar um pontapé de baliza e em que tenta agarrar uma bola no ar e quase dava origem ao primeiro golo da Académica por parte de Gyanó, já que deixou cair a bola; a segunda em que deixou um cheirinho da qualidade que lhe é atribuída ao fazer uma boa mancha aos pés de Gyanó. No golo, não foi particularmente feliz, ao ver a bola passar-lhe entre as pernas. No estádio dizia-se que podia ter saído da baliza e ter procurado agarrar a bola, o que era difícil dada a velocidade a que Cris a endossou para a área, e aí arriscava-se a ficar no ar a apanhar bonés.
Abel: Boa exibição do defesa direito do Sporting, que lá vai mostrando atributos que lhe poderão render uma oportunidade na selecção nacional, e lá vai calando os críticos que referem as suas exibições como sendo muito esforçadas/no limite. Pelo menos duas vezes (aos 11 e aos 22 minutos) pude vê-lo a fazer a dobra aos dois centrais do Sporting que se tinham adiantado durante a marcação de bolas paradas; depois vi um passe de belo efeito e certeiro para Liedson; e vi ainda aquilo que já se tinha visto na pré-época quando ele era na altura o único defesa-direito de origem no plantel leonino e tinha uma disponibilidade física tremenda, sempre a correr para o ataque e depois sempre a tapar o seu lado em lances defensivos. Teve um único erro de registo (e logo um erro marcante): não acompanhou Gyanó no lance do golo.
Tonel: Mais um que lá vai tentado captar a atenção do mister Scolari. Um aspecto que eu pude notar no defesa central mais descaído para a direita da equipa da casa foi a tentativa de deixar a bola jogável para os seus companheiros, coisa que nos anos anteriores pouco se via, já que Tonel tinha maior preocupação em cortar os lances perigosos das equipas adversárias. Apesar de um ou outro momento em que deixou escapar um dos jogadores da Briosa, teve um desempenho global positivo, principalmente na altura em que conseguiu apontar um golo (no mínimo cómico), após a passividade da defesa equipa da região de Coimbra. Notei ainda no ex-jogador da Briosa alguma insegurança no passe mais longo, quando, por exemplo, aos 20 minutos teve medo de falhar um passe para Ronny,o que fez com que o mister Paulo Bento se levanta-se. Após isso, parece que aprendeu a lição, já que na segunda parte tentou algumas vezes colocar directamente nos avançados.
Polga: Não foi tão eficaz como já se tinha tornado um hábito principalmente o ano passado, já que deixou por duas vezes Joeano e Lito com espaço para fazerem bem melhor. Apesar destas duas falhas circunstanciais, o defesa central mais deslocado para a esquerda cortou pelo menos uma mão cheia de boas oportunidades da equipa do clássico equipamento negro, como por exemplo logo aos 8 minutos de jogo. Uma palavra ainda para a boa união que vem fortalecendo com Tonel, o que os vai tornando numa das melhores duplas do nosso campeonato, como estão os poucos golos sofridos na época passada a comprovar.
Ronny: O defesa-esquerdo do Sporting merece da minha parte dois elogios: melhor no aspecto defensivo (no entanto, ainda àquem do aceitável para o clube que representa e para os objectivos do clube), bem no centro que resultou no golo de Tonel. No entanto, continua muito apático, sempre com cara de frete, a marcar livres e cantos sem concentração e sem vontade. Aos 55 minutos fez um bom corte...incentivado pelo público.
Miguel Veloso: Apesar daquilo que eu para aí li, considero que o filho de António Veloso rubricou uma exibição segura, tendo feito vários cortes preciosos, dando a ideia de que estava sempre no local certo. No entanto, esteve menos interventivo nos lances ofensivos, talvez por indicações do mister Paulo Bento que lhe terá dito para ter mais atenção no flanco esquerdo e a Ronny. Continuo a não perceber porque é que ele não tenta mais vezes rematar de longe, ou porque é que não é ele que marca os livres apontados sem chama por Ronny.
João Moutinho: O novo capitão do Sporting fez mais uma das suas exibições, onde mostra todo o seu prazer por fazer o que faz e por representar o clube que representa: sempre interventivo, sempre no lugar certo, cruzamentos e passes certeiros, e sempre a batalhar,mesmo quando vê que não chega à bola. Destaque ainda para a cobrança da grande penalidade, onde apesar do tempo demorado pelo juiz principal, Elmano Santos, mostrou sangue frio e, apesar de Pedro Roma ter acertado o lado para o qual a bola foi direccionada, chutou forte e colocado.
Simon Vukcevic: O jovem montenegrino rubricou uma boa exibição, apesar de ter tido alguns comportamentos típicos de um jovem nervoso na sua estreia. Excelente jogada por volta dos 69 minutos quando passou por três adversários, que, a juntar à simulação por altura do primeiro golo por parte de Derlei, conseguem fazer esquecer alguns (poucos) passes falhados por parte do ex-jogador do Saturn. Apesar do que foi dito, compreendo através das repetições o porquê da demora no remate numa jogada por volta dos 47 minutos: quando ia tentar o primeiro remate, aparece Berger; depois a bola foge-lhe para o pé errado (direito, ele é esquerdino), e quando volta ao pé desejado já lá estava Litos. Terão sido os tais nervos da estreia?
Romagnoli: Já vimos El Pipi fazer melhor, não podendo, no entanto, dizer-se que a sua exibição foi má, como a assistência para o golo de Liedson o pode comprovar. Porém, não tivemos oportunidade de ver aqueles seus famosos passes a rasgar a defesa, aqueles passes no momento certo, com os jogadores a roçar o fora-de-jogo, tendo estes sido substituídos por outros tão eficazes,mas menos produtivos e espectaculares.
Derlei: Quem apostaria que o patinho feio da última metade de época no Benfica iria rubricar uma boa exibição na sua estreia em jogos oficiais na sua nova casa. Um belo golo, apesar da pressão oferecida por dois defesas da Académica, com um remate forte, colocado, rasteiro, com poucas hipóteses para o guarda-redes, a culminar uma excelente jogada colectiva da turma de Alvalade. A juntar ao golo, tivemos uma bela parceria com Liedson, através de várias combinações bem efectuadas. Mereceu os aplausos aquando da sua substituição.
Liedson: Só não teve uma exibição excelente e impecável porque desperdiçou até não poder mais: 51 min.-remate em volley para excelente defesa de Pedro Roma; 62 min.-remate em arco; 76 min.-jogada em sprint entre Liedson e Derlei,onde Liedson chuta à figura; 82 min.-Yannick mete no centro, Derlei deixa para Liedson que chuta por cima; 83 min.-remate às malhas laterais. No início do jogo, notei Liedson muito colado ao flanco esquerdo, talvez daí o pouco volume ofensivo da equipa leonina nos primeiros minutos de jogo.
Yannick Djaló: Pouco se viu por parte do internacional sub-21 português, dado que também pouco mais de 15 minutos teve em campo. De registo os seus já conhecidos fortes sprints, que pudemos ver uma ou duas vezes neste jogo; um passe para o centro para Derlei que depois deixou para Liedson chutar por cima aos 82 minutos; e ainda uma jogada aos 90 minutos onde criou perigo na área após uma bola ganha na direita, perante uns defesas da briosa com receio de a colocarem fora, que foi metida para o centro onde ele se encontrava,mas Yannick embrulhou-se com a bola e demorou muito tempo a decidir-se.
Farnerud: Exibição discreta do jogador sueco: pouco atrevido como é seu hábito, mas certeiro no capítulo do passe.
Adrien Silva: Recebeu as primeiras de, quem sabe, muitas palmas em Alvalade aquando da sua entrada já tardia. Pouco tempo teve para mostrar a qualidade que lhe é apontada.



Académica

Pedro Roma: Um punhado de boas intervenções. Apesar de veterano, mostrou que ainda está aí para as curvas. Não teve grande responsabilidade nos golos do Sporting.
Berger: Não teve uma estreia fácil, perante uma das principais candidatas ao título. Quase sempre ultrapassado por Liedson, Derlei e Vukcevic.
Litos: Apesar da sua experiência, também não foi particularmente feliz perante a oposição do sector mais avançado do Sporting. Ainda se fez respeitar pela sua altura, ao conquistar algumas bola aéreas, mas não foi o suficiente. Também se fez respeitar pela sua impetuosidade, quando já na segunda parte teve uma entrada perigosa por trás sobre Derlei.
Kaká: Se jogasse tão bem na defesa como joga o seu homónimo ao ataque... Ficou na retina um lance aos 55 minutos em que Kaká cai e leva consigo Vukcevic, e depois no chão faz uma gravata ao jogador montenegrino-lance que o árbitro não viu ou preferiu não ver para não desequilibrar o jogo e que era passível de sanção disciplinar (segundo as "novas" regras,penso que seria vermelho).
Orlando: Correu correu...mas foi impotente perante a dupla de avançados do Sporting, e ainda perante o médio leonino que se encontrava do seu lado, Moutinho.
Paulo Sérgio: O médio mais recuado da Académica tentou aguentar o ataque leonino, manter o nulo no resultado e ajudar os defesas, mas era um único para dois ou, às vezes, até três contra ele.
Cris: Excelente centro aquando do golo da Académica,não dando hipóteses a Stojkovic. Tanto no meio-campo como quando jogou mais recuado, teve uma exibição parecida com a dos seus companheiros: insuficiente.
Tiero: O africano das botas amarelas, como se dizia no estádio, esqueceu-se de ligar o motor antes do jogo. Esqueceu-se ainda de olear o seu remate, já que fez alguns remates, mas foram sempre ofertas ou para a Juve Leo, na primeira-parte, ou para o Directivo, na segunda.
Ivanildo: Um ala nato a jogar a número 10 dá nisto. Ainda teve um ou outro bom pormenor...quando se deslocou para a ala.
Joeano: Muito bem anulado pelos centrais leoninos. Pouco ou nada se viu deste brasileiro que já mostrou muito mais.
Lito: Dos poucos que escapou da má exibição academista. Correu até estoirar, tendo sido o elemento mais irreverente do lado da briosa. Funcionou também comm um primeiro defesa, ao fechar várias vezes o seu flanco.
N'Doye: Não esteve nada perto daquele N'Doye que em tempos marcou golos aos três grande e que era um dos melhores tanto no Estoril como no Penafiel. A passagem pelas Arábias não lhe parecem ter feito bem. Manuel Machado por certo preferia ter o outro N'Doye (Dame, agora jogador do Panathinaikos). Em que é que ele estaria a pensar quando não se mexeu ao ver a bola rematada por Tonel? Seria num cheque das Arábias que tinha de depositar rapidamente no banco? Ou estaria a pensar na sua chegada atrasada à pré-época em Coimbra?
Hélder Barbosa: Um ou outro pé a passar por cima da bola, uma ou outra tentativa de drible...mas pouco se viu deste produto das escolas do FC Porto, que, relembre-se, vem de lesão prolongada. Estará aí a razão?
Gyanó: A meu ver, o melhor jogador da Académica, apesar de só ter entrado na segunda-parte. Além do golo que marcou, o avançado húngaro teve ainda mais duas oportunidades desperdiçadas: uma em que chuta por cima aquando duma intervenção não 100% eficaz de Stojkovic, e outra aquando duma mancha bem efectuada pelo guardião sportinguista.



Equipa de arbitragem
Árbitro principal: Elmano Santos
Árbitros assistentes: Sérgio Serrão, Carlos Milha
4º Árbitro: Luís Reforço


Uma exibição tranquila, tentando ao máximo retardar a mostragem de cartões (o que apenas aconteceu nos últimos minutos, aquando da grande penalidade sobre Liedson). Bem no lance do penalty sobre Liedson, mal ao não ver tanto a mão de Lito, como a falta logo a seguir de Polga sobre Lito. Também fiquei com algumas dúvidas num ou noutro fora-de-jogo.

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