segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Sp. Braga vs. FC Porto, 1-2



FC Porto com vitória suada mas merecida antes do segundo clássico da temporada

Mais um jogo da primeira jornada, mais um clássico. Desta vez tivemos frente-a-frente o campeão nacional da última edição, FC Porto, e o talvez principal outsider desta época que agora inicia, o Sporting de Braga, com um ex-dragão como treinador. Depois de nos primeiros 15/20 minutos da primeira-parte temos assistido a um jogo equilibrado, com jogadas numa e noutra área, o FC Porto decidiu acalmar o jogo, através de trocas de bola na sua zona mais recuada, e assim conseguiram anular a impetuosidade inicial do Sporting de Braga. Aliás, foi este o principal factor do jogo, já que também na segunda-parte, após o golo do bracarense João Pinto e após também uns primeiros 15/20 minutos com as duas equipas taco-a-taco, o FC Porto adormeceu novamente a equipa da casa. E tal foi bastante benéfico para o FC Porto, já que a principal arma do Sporting de Braga neste jogo foram os contra-ataques rápidos, com jogadas nos flancos, através de Hussain, Wender e também os laterais João Pereira e César Peixoto, e e também jogadas rápidas pelo meio, pelo veterano mas ainda veloz João Pinto e, ocasionalmente, por Vandinho. Anulada esta arma do Sporting de Braga, bem como a sua força inicial, o FC Porto conseguiu impôr finalmente de modo mais constante o seu jogo. E isto passou-se até serem feitas as substituições dos 2 lados e após o segundo golo do FC Porto(ou seja, por volta dos últimos 10 minutos), altura em que o FC Porto deixou de atacar sem ser em contra-ataques (Quaresma e Postiga essencialmente) e, assim, restabeleceu-se o equilíbrio no encontro. Porém, o FC Porto continuava a ser mais perigoso, mais acutilante e mais "constante", daí que tenha chegado ao segundo golo, novamente de bola parada, por Ricardo Quaresma. Fiquei, no entanto, com a ideia de que o FC Porto não está ainda a 100%, e de que terá de mudar algo sob pena de, na próxima jornada, não conseguir vingar a derrota sofrida em Leiria. A adaptação dos jogadores não pode ser apontada como desculpa, já que apenas dois novos jogadores foram utilizados neste jogo, dos quais nenhum estava na equipa titular, isto porque o mister Jesualdo Ferreira continua a dizer que não coloca os novos reforços enquanto estes não mostrarem que são melhores do que aqueles que lá estão. Quererá isto dizer que a qualidade dos reforços não é assim tanta para um clube da grandeza do FC Porto, e que as saídas de Pepe e Anderson não foram devidamente colmatadas? Aquilo que pudemos ver foi um Lucho, que é, invariavelmente, o patrão da equipa, ainda à procura da sua melhor forma física (daí ter sido substituído aos 61 minutos), e isso reflectiu-se no rendimento da equipa. Quaresma só não basta... Não quero com isto dizer que o FC Porto não foi um justo vencedor, longe disso. O mister Jorge Costa falou num empate como sendo o resultado mais justo. Se isso tivesse acontecido, também não teria sido um resultado irrealista. Mas não podemos esquecer uma coisa: o FC Porto foi a equipa que mais perigo criou, a equipa que esteve mais tempo com a bola nos pés, que mais remates perigosos fez, que mais cantos conquistou, ou seja, foi a equipa que esteve mais perto do golo. Foi, de um modo geral, um jogo algo parado, dado que as duas equipas estavam encaixadas uma na outra (sistemas tácticos idênticos (4-3-2-1)), que acabou por pender para o lado da equipa apontada como favorita à partida para este jogo, que se vai tornando num clássico da zona norte.



Sporting de Braga
Equipa titular
12-Danni Mallo
47-João Pereira
3-Paulo Jorge (cap.)
28-Rodriguez
21-César Peixoto
17-Frechaut
88-Vandinho
10-João Pinto
8-Hussain
15-Wender
9-João Tomás

Suplentes
37-Ricardo
22-Anílton Júnior
13-Carlos Fernandes
5-Roberto Brum
14-Castanheira
18-Zé Manel
20-Jaílson

Substituições
64'-Entrou Zé Manel, saiu Hussain
76'-Entrou Jaílson, saiu João Tomás
86'-Entrou Castanheira, saiu Paulo Jorge

FC Porto
Equipa titular

1-Helton
12-Bosingwa
2-Bruno Alves
3-Pedro Emanuel (cap.)
5-Marek Cech
6-Paulo Assunção
16-Raúl Meireles
8-Lucho
17-Tarik
7-Quaresma
28-Adriano

Suplentes
33-Nuno
4-Stepanov
18-Bolatti
25-Kazmierczak
20-Leandro Lima
11-Mariano González
23-Hélder Postiga

Substituições
36'-Entrou Hélder Postiga, saiu Adriano
61'-Entrou Mariano González, saiu Tarik
63'-Entrou Leandro Lima, saiu Lucho

Disciplina
15'-Tarik (A)
44'-Frechaut (A)
53'-João Pinto (A)
83'-João Pereira (A)
88'-Hélder Postiga (A)


Golos
0-1, Quaresma (34')
1-1, João Pinto (49')
1-2, Quaresma (85')


Análise individual
Sporting de Braga
Dani Mallo: Inseguro na sua estreia, com culpas no primeiro golo e, quem sabe, no segundo (podia ter defendido se estivesse melhor colocado, isto porque fica a ideia de que colocou a barreira à sua frente e não viu a bola partir). Destacou-se também pelo seu muito "mallo" jogo de pés, através de alívios e passes curtos e longos mal feitos: aos 11 minutos fez um mau alívio que resultou numa tentativa de chapéu por parte de Lucho; outro alívio, desta vez para fora aos 21 minutos; passe no limite aos 31 minutos, com Quaresma quase a conseguir interceptar esse mesmo passe. Ficaram, todavia, alguns registos positivos do guarda-redes espanhol: aos 36 e aos 67 minutos a cortar para canto após dois cruzamentos-remates, e ainda duas boas defesas a remates de Hélder Postiga (58 minutos) e de Raúl Meireles (71 minutos). Teve, de um modo geral, uma jornada não muito feliz, talvez por ser um crónico suplente, ou por lhe faltar ritmo de jogo.
João Pereira: Apesar de poucas vezes ter combinado bem com o seu companheiro de flanco (Hussain),ao contrário do que se passou no outro lado do campo, o defesa-direito ex-Gil Vicente acabou por rubricar uma boa exibição na primeira-parte, e em parte da segunda...até acabar o depósito. Sem culpas no lance do segundo golo, já que, a haver culpas, terão de ser entregues ao árbitro do encontro, pois Quaresma cavou a falta.
Paulo Jorge: Fez o que lhe competia, e ainda apoiou o ataque (sem grandes consequências). Não é de estranhar que o maior perigo tenha sido criado das alas.
Rodriguez: Trabalho bem cumprido, à semelhança do que se passou com Paulo Jorge. Tudo o que vinha para a área era cortado e a juntar a isso procurar quase sempre sair com a bola controlada (às vezes não muito bem...).
César Peixoto: Depois de um ano de descanso, o ex-FC Porto fechou quase sempre a sua ala às investidas de Tarik essencialmente, Quaresma, por ocasião das mudanças de flanco protagonizadas pelos dois extremos do FC Porto, e até de Bosingwa...até surgirem os lances em velocidade, nos quais sentiu maior dificuldade, talvez devido ao último ano em que "fez" gazeta. Destaque ainda para uma atitude menos boa deste jogador: aos 90+1 minutos parecia que estava a ganhar, pois após ter tido uma caimbra levou à colocação da bola fora de campo...para depois sair pelo seu pé...a correr, desperdiçando aí um possível contra-ataque da turma arsenalista.
Frechaut: Funcionou como um faz-tudo na equipa do estádio da pedreira, funcionando como quinto defesa nalgumas jogadas, fazendo de defesa direito/esquerdo aquando da subida dos seus companheiros de equipa, cortando e recebendo as bolas dos seus companheiros e prontamente colocando-as noutros jogadores, não fosse perder a bola e dar origem a jogadas perigosas...Teve o primeiro golo do jogo nos pés aos 7 minutos, após um livre de César Peixoto, onde chegou atrasado/não se esticou.
Vandinho: Boa exibição do médio brasileiro, através da assistência para o único golo da equipa da cidade dos arce-bispos, um remate forte e perigoso aos 35 minutos, e uma ajuda quase sempre constante tanto no meio campo mais recuado como em posições um pouco mais adiantadas. Recebeu um amarelo aos 29 minutos quando já tinham havido jogadas mais perigosas merecedoras de cartão amarelo.
João Pinto: Se de um lado tínhamos Lucho, do outro tínhamos "o menino d'ouro"/"o grande artista" a comandar as tropas arsenalistas. Sempre muito interventivo (belo trabalho tem feito a Marisa Cruz, que lá o vai conservando), teve como presente de anos adiantado o golo que marcou, após ter iniciado e finalizado uma boa jogada do lado bracarense. Pela qualidade demonstrada, pelo golo que marcou e pelo seu constante esforço, merecia mais do que 0 pontos.
Hussain: Estreia prometedora do jogador do Qatar, que confirmou as boas referências técnicas que lhe eram atribuídas. Não foi, no entanto, muito constante, daí ter sido substituído, pois correu muito no início do jogo (às vezes até demais) e mostrou-se outras vezes algo trapalhão com a bola. Mas como se trata de um jogador ainda jovem, que vem de um campeonato de qualidade (muito) inferior à nossa, compreende-se que tenha entrado algo nervoso e com vontade de mostrar trabalho. De registar a sua baixa estatura (1, 65 metros, provavelmente o jogador mais baixo desta BWIN Liga), algum entendimento já considerável com os seus novos companheiros, um remate para defesa fácil aos 24 minutos, e jogadas perigosas nos flancos nos primeiros minutos de jogo.
Wender: Bom entendimento com César Peixoto nos primeiros minutos de jogo, através de várias tabelinhas entre os dois jogadores. Após esses minutos iniciais, pouco (e em má qualidade) foi servido, não podendo dar uso da sua principal arma: drible no último momento, seguido de um sprint, de modo a deixar o seu adversário para trás, ou diagonais no sentido da baliza, de modo a pôr em prática o seu remate. Destaque para uma jogada após o golo do empate, na qual quase virava o resultado.
João Tomás: Esteve pouco em jogo, tendo, porém, feito o chamado trabalho invisível, abrindo espaço para os seus companheiros de equipa. Tinha também um trabalho árduo pela frente, já que era muitas vezes um para muitos defesas do FC Porto. Precisava de mais apoio no ataque.
Zé Manel: Entrou numa altura em que o jogo congelou, principalmente no sector mais avançado do Sporting de Braga, e por isso pouco ou nada conseguiu fazer.
Jaílson: Mais um que não pode mostrar o seu potencial, dada a altura em que entrou em campo. Referência para uma iniciativa perto dos 90 minutos quando pegou na bola mas foi assaltado pouco depois por Bruno Alves.
Castanheira: Após o golo do FC Porto, mostraram o banco da equipa de Braga onde se pode ver o mister Jorge Costa a chamar um jogador, Castanheira, a quem deu indicações bastante específicas: colocar a bola na área (sem grande sucesso).

F.C. Porto
Helton: Pouco há a dizer, já que pouco houve para fazer. No lance do golo, era-lhe muito difícil fazer qualquer coisa mais.
Bosingwa: Como Marek Cech pouco ou nada subiu, Bosingwa aproveitou para fazer o papel de defesa-lateral presente nos lances ofensivos, tendo sido depois compensado ora por Paulo Assunção, ora por um dos centrais, dado que a equipa arsenalista teve pouco jogo ofensivo, tirando os primeiros minutos de cada um das partes. Passou várias vezes por César Peixoto, arriscando pagar uma enorme conta em portagem, tal foi a quantidade de vezes que utilizou o seu flanco para subir e descer.
Bruno Alves: Fim de tarde/início de noite tranquila para o defesa-central do FC Porto. Nos lances aéreos continua a reinar; porém, continua ainda algo intranquilo quando chega a hora pós-corte: não sabe o que fazer à bola, tem medo de a perder e, como tal, chuta para onde está virado. De resto...
Pedro Emanuel: No seu regresso ao mais alto nível, o defesa-central esteve seguro e autoritário, varrendo tudo o que lhe aparecia à frente. Como o Sporting de Braga pouco atacava, teve ainda tempo para ir lá à frente cabecear, mas saiu por cima. Portanto, regresso positivo.
Marek Cech: Pouco interventivo nos lances ofensivos, o defesa-esquerdo eslovaco foi praticamente sempre ultrapassado por Hussain nos primeiros minutos de jogo. Depois disso, Hussain rebentou, e Cech teve tempo para descansar, mas não arriscou subir.
Paulo Assunção: Cortou a grande maioria dos lances de possível perigo para a defesa de Helton, funcionou muitas vezes como quinto defesa, e poucas culpas no lance do golo. Continua a assegurar a segurança defensiva da equipa presidida por Pinto da Costa.
Raúl Meireles: Mais atrevido neste início de época, ao apostar no remate de longe algumas vezes (aos 71 minutos, por exemplo), e também parece mais solto no terreno, deixando as tarefas mais defensivas para Paulo Assunção.
Lucho González: Durou cerca de uma hora o combustível do patrão da equipa do dragão. Outro dia, um amigo meu do FC Porto alertou-me (aquando das notícias sobre a sua transferência para o Valência/Everton) para o facto de Lucho não ter férias há já dois ou três anos (Copa América agora, Mundial há um ano, há dois anos chegou ao FC Porto a meio da época na Argentina...), e essa falta de força foi evidente no argentino. E o rendimento do FC Porto também sofreu um revés quando o internacional argentino estoirou.
Tarik: Por vezes um pouco agarrado em demasia à bola, outras vezes trapalhão, outras ainda em que mostrou porque razão Co Adriaanse tanto o quis trazer a época passada. Até à sua substituição, tentou sempre procurar a bola e criar perigo nas alas (sim, nas alas, já que de vez em quando trocava de lado com Quaresma). Estará melhor este ano? É que o ano passado também começou a titular, e depois foi o que todos pudemos ver...
Quaresma: O mesmo de sempre, mas ainda melhor: nunca tinha marcado dois golos no mesmo jogo(pelo menos a nível oficial). Acabou por decidir o jogo com dois golos aos quais não pudemos tirar qualquer mérito devido à passividade do guarda-redes opositor. E com estes dois golos quase que não nos lembramos das suas fintas, dribles e trivelas: mas existiram na mesma. Estará a arrancar para (mais) uma época (será cá em Portugal, ou será noutro lado?) ao mais alto nível, com ainda mais golos?
Adriano: O avançado brasileiro, decisivo a época passada quando quase foi dispensado pelo mister Jesualdo Ferreira, não foi feliz na estreia nesta nova edição da principal liga de futebol em Portugal, já que aquando do seu segundo remate no jogo se lesionou no músculo, pedindo de imediato a substituição, e indo para o banco, onde o vimos muito pensativo (e triste, certamente). Quanto aos seus remates, o primeiro resultou duma jogada em que Bosingwa passou (em corrida...) facilmente por César Peixoto, Hussain não recuou de modo a fazer a dobra, e assim Bosingwa centrou para Adriano que dominou, rodou e chutou ao lado direito da baliza de Dani Mallo; o segundo, aos 34 minutos, foi um remate fraco, no qual Dani Mallo ia complicando, e no qual Adriano terá dito adeus ao segundo clássico da época.
Hélder Postiga: E o ídolo dos adeptos do Tottenham lá vai tentando agarrar o lugar com unhas e dentes. Foi a surpresa na convocatória, e aos 36 minutos já estava em campo, se bem que só se tenha notado a sua presença na segunda-parte, quando logo ao início respondeu à boa jogada de Wender momentos antes; outro remate já nos descontos (90+2 minutos); outras jogadas de registo (por exemplo, 78 minutos).
Mariano González: Entrou para o lugar de Tarik e pouco ou mesmo nada se viu. Nem uma jogada de destaque. A melhorar...
Leandro Lima: No pouco tempo que esteve em campo, deixou novamente boas indicações para um futuro, quiça, próximo, como aos 70 minutos, e também aos 76 minutos, onde mostrou que sabe conduzir a bola, mas que ainda joga "à Brasileirão": muito devagar (demorou a fazer o passe e acabou por perder a bola).

Equipa de arbitragem

Árbitro principal: João Ferreira
Árbitros assistentes: Pais António, Luís Ramos
4º Árbitro: Rui Costa

Alguma dualidade de critérios, quando aos 25 minutos não admoestou César Peixoto com a cartolina amarela, e depois aos 29 minutos mostrou um amarelo a Vandinho quando já se tinha visto bem pior. Também na segunda-parte se voltou a assistir a mais do mesmo: não mostrou um cartão a Paulo Assunção (após uma entrada por trás...) mas pouco depois tínhamos nas imagens a indicação de um amarelo para João Pinto após uma falta não mais propícia a tal do que a outra. Devemos ainda dizer que o árbitro foi muitas vezes na conversa dos jogadores do FC Porto, em especial de Quaresma, que cavou/arrancou várias faltas, entre as quais a que deu origem ao segundo golo do FC Porto.

2 comentários:

Anónimo disse...

Sim senhor, tens aqui bom material, parabéns! Só não gostei da última linha relativa ao "cavanço" da falta do Quaresma que originou o segundo golo.. mas desta vez passa! Abraço e continua o trabalho

Anónimo disse...

http://www.ondadesportiva.blogspot.com/
Para consultar.
Um abraço, amigo.