quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Benfica vs. Vitória de Guimarães, 0-0



Treinador novo, o mesmo resultado


Nem o facto de terem um novo treinador, nem o facto de jogarem em casa: o Benfica voltou a empatar. 2ª jornada, 2º clássico para o lado do Benfica, e novamente com uma equipa que subiu esta época à principal divisão de futebol em Portugal. Desta vez, foi a vez de receber o Vitória de Guimarães, bem como a sua fidelíssima falange de apoio(só se ausentaram por um ano, mas já faziam falta...), que esteve praticamente todo o jogo a cantar, ao contrário das claques do Benfica... Quanto ao jogo propriamente dito, voltamos a ver um Benfica com dificuldades, principalmente no capítulo da finalização, bem como na criação de lances de grande perigo. Depois de nos primeiros quinze minutos o Guimarães ter tido maior posse de bola (apesar de ter criado pouco perigo à baliza encarnada), o jogo ficou mais equilibrado, com boas jogadas por parte das duas equipas até ao intervalo. Após o intervalo, o Benfica passou a dominar o jogo, não deixando o Guimarães criar qualquer tipo de perigo (a ajudar a isso esteve também o recuo da equipa vimaranense), mas também não conseguiu criar lances de perigo relevante, excepção feita a um remate de Cardozo, na cobrança de um livre, um remate de Rui Costa, que foi desviado duas vezes, até chegar às mãos de Nilson, e ainda o remate de Luís Filipe por cima, depois de Nilson não ter reparado na sua presença em posição previligeada. Tirando isso, todos os remates foram ou por cima, ou ao lado. Do lado da equipa da cidade-berço, pudemos ver uma boa primeira-parte, com jogadas algo perigosas, todas elas principiadas nas alas; após o intervalo, o Guimarães preocupou-se mais em manter o nulo e assim conquistar um ponto, do que partir para mais jogadas rápidas de contra-ataque. Isso só voltou a acontecer nos últimos 10 minutos de jogo, após as substituições feitas nos dois lados, onde os jogadores que entraram na equipa de Guimarães tentaram mostrar credenciais para um dia poderem ser titulares. Por falar em substituições, as substituições do mister espanhol Camacho não foram muito brilhantes. Tirou um extremo, para pôr um médio defensivo, tirou o avançado, para colocar um defesa-lateral/médio, e retirou ainda o ponta-de-lança (perigoso em bolas paradas, bem como em lances aéreos), para pôr um avançado. Estaria algum lesionado? Mas a principal pergunta que se tem de colocar é: se tivesse sido o mister Fernando Santos a fazer estas substituições, a reacção teria sido a mesma por parte dos adeptos? Como tal, o resultado é o mais adequado, tendo em conta aquilo que se passou dentro das quatro linhas.



Benfica
Equipa titular
12-Quim
22-Nélson
8-Katsouranis
28-Miguel Vítor
5-Léo
6-Petit (sub-cap.)
10-Rui Costa
25-Nuno Assis
16-Fábio Coentrão
21-Nuno Gomes (cap.)
7-Cardozo

Suplentes
24-Butt
2-Luís Filipe
11-Miguelito
32-Romeu Ribeiro
15-Andrés Diaz
30-Adu
19-Bergessio

Substituições
70'-Entrou Romeu Ribeiro, saiu Nuno Gomes (passando Petit a capitão)
71'-Entrou Luís Filipe, saiu Fábio Coentrão
81'-Entrou Bergessio, saiu Cardozo

Vitória de Guimarães
Equipa titular
1-Nilson
25-Andrezinho
16-Danilo
19-Geromel
4-Sereno
26-Flávio Meireles (cap.)
80-João Alves
17-Fajardo
8-Carlitos
21-Alan
9-Miljan Mrdakovic

Suplentes
27-Nuno Santos
2-Radanovic
18-Moreno
3-Luciano Amaral
20-Desmarets
5-Ghilas
11-Felipe

Substituições
55'-Entrou Ghilas, saiu Alan
64'-Entrou Desmarets, saiu Carlitos
75'-Entrou Moreno, saiu Danilo

Disciplina
77'-Fajardo (A)
84'-Sereno (A)
86'-Miguel Vítor (A)

Golos
Nada a registar...

Análise individual
Benfica
Quim: Quando foi chamado a intervir, esteve bem, defendendo ou simplesmente cortando todas as bolas que se dirigiram à sua baliza.
Nélson: Depois de na primeira-parte praticamente não ter subido no terreno e apoiar o sector mais avançado da sua equipa, devido ao trabalho que teve defensivamente, fruto da clara aposta do Guimarães em jogar pelas alas, teve uma segunda-parte muito tranquila defensivamente, aspecto este que não aproveitou, principalmente para subir, como já nos habituou. Serão novas informações por parte do mister Camacho?
Miguel Vítor: Os comentários feitos a seu respeito pareceram-me algo exagerados, principalmente tendo em conta que o Guimarães pouco ou nada atacou na segunda-parte. Sem dúvida que aliviou praticamente todas as bolas que chegaram até ele, mas não é isso que o Luisão, o Bruno Alves, ou o Tonel fazem todos os jogos, cortar as jogadas e chutar para onde estão virados? Só se for pelo facto de ser um jovem e de ter feito a sua estreia. Mal recebia a bola, ou a passava logo a Katsouranis, tivesse ou não pressão vimaranense, ou chutava a bola quase sem olhar, não lhe fosse acontecer alguma coisa... Destaque positivo para a calma que mostrou (ou será sempre aquela a sua cara?); destaque negativo para uma jogada em que perdeu a bola, caiu e agarrou a bola com as mãos: estamos a falar de futebol profissional, não do campeonato de juniores. No entanto, se tiver mais oportunidades (o que duvido que voltará a acontecer, dado o discurso do mister Camacho), poderá evoluir.
Katsouranis: Cortou quando foi chamado a intervir, e tentou ao máximo colocar jogável. Teve ainda tempo para ir ajudando o estreante Miguel Vítor, tanto dando-lhe conselhos, como ajudando-o em jogadas em que o via em apuros.
Léo: À semelhança de Nélson, teve bastante trabalho na primeira-parte. Porém, subiu mais na segunda-parte, onde tentou várias vezes servir os seus companheiros, principalmente Coentrão, que jogou com ele na mesma ala.
Petit: O mesmo de sempre: batalhador, sempre nos limites (às vezes além dos mesmos, como a jogada logo no primeiro minuto de jogo...), dando auxílio tanto ao ataque como à defesa. A mostrar isso esteve um remate aos 23 minutos por cima, e logo a seguir, um ligeiro desvio depois de um cruzamento de Fajardo, que se revelou um corte precioso. Teve uma cabeçada para defesa tranquila de Nilson aos 88 minutos, que foi a sua jogada atacante mais perigosa. Porém, na segunda-parte, mostrou-se menos, devido ao desgaste das suas pilhas.
Rui Costa: Não tão influente como nos outros dois jogos (Leixões e Kobenhavn). Primeira-parte discreta em termos ofensivos (excepção feita a um passe para Nuno Gomes, que chutou ligeiramente ao lado, e a uma boa jogada (8') junto à linha final, metendo depois rasteiro para Coentrão, para defesa fácil de Nilson) e em termos defensivos destaque para um corte aos 28 minutos num livre (mal) estudado, cobrado por João Alves; na segunda-parte, mostrou-se mais, talvez devido ao recuo da equipa contrária, e teve oportunidade de rematar várias vezes (49', 60', 62', por exemplo), todas elas sem grandes efeitos.
Nuno Assis: Sinceramente, pouco ou nada vimos vindo deste jogador, que neste jogo reencontrou a sua antiga equipa. Nem no ataque, nem à defesa: como é que aguentou o jogo inteiro?
Fábio Coentrão: Apesar das suas várias simulações ofuscarem o resto do seu jogo, este jogador esteve bem no aspecto defensivo, tendo sido visto várias vezes a ajudar o seu companheiro de ala. Em termos ofensivos: remate fácil (8') após boa jogada de Rui Costa; má opção aos 41 minutos, quando ao invés de chutar, opta por passar, sem olhar, para Cardozo, que estava marcado...
Nuno Gomes: Desperdiçou a melhor oportunidade para abrir o marcador, quando aos 17 minutos apareceu sozinho à frente de Nilson e teve tudo (mesmo tudo, até a ajuda da equipa de arbitragem, já que estava em fora-de-jogo) para marcar. Destaque ainda para o seu para Fábio Coentrão aos 41 minutos, que o deixou isolado. Acusa, no entanto, ainda alguma falta de ritmo, fruto do tempo que esteve afastado dos relvados, daí ter sido (novamente) substituído.
Cardozo: Mais uma vez, Cardozo esteve muito bem marcado pela defensiva contrária. Teve aos 34 minutos uma cabeçada muito desviada, e aos 57 minutos a sua principal oportunidade de golo, quando, de livre, chutou para uma defesa difícil de Nilson, devido à trajectória traiçoeira da bola. Destaque ainda para algum nervosismo, dado que mal recebe a bola, remata. O campeonato português não é como o campeonato argentino...
Romeu Ribeiro: Teve pouco tempo em campo, mas foi o suficiente para apostar duas vezes no seu remate, tendo um deles resulta numa jogada que podia ter acabado em golo, não fosse Luís Filipe ter-se "atrapalhado".
Luís Filipe: Tentou fazer qualquer coisa de novo no ataque, mas sem grandes consequências. Impressionante a forma como conseguiu falhar um golo quase feito aos 74 minutos, quando fez um chapéu muito largo a Nilson, que não o viu.
Bergessio: Jogou os últimos 10 minutos, onde lutou pela posse da bola com os centrais vimaranenses, mas pouco conseguiu.

Vitória de Guimarães
Nilson: Esteve de um modo geral bem, defendendo as bolas que lhe chegavam. Só não esteve tão bem quando a bola rematada por Romeu Ribeiro desviou num jogador da sua equipa, e Nilson só teve olhos para a bola e, como tal, esqueceu-se de que podia aparecer algum jogador do Benfica, e isso aconteceu mesmo, tendo aparecido Luís Filipe. Destaque ainda para dois golpes de rins, um a remate de Cardozo, e outro a remate de Rui Costa, com o auxílio de Geromel.
Andrezinho: Não esteve espectacular, deixando muitas vezes que os jogadores do Benfica passassem por ele sem oferecer muita resistência. Aos 17 minutos, partilhou com Rui Costa a assistência para Nuno Gomes; aos 79 minutos Léo pode centrar facilmente perante a sua passividade (deu-lhe espaço e tempo para decidir o que fazer). Destaque positivo aos 86 minutos quando, a centro de Fajardo, fez o papel de ponta-de-lança e rematou forte, mas ao lado.
Danilo: Esteve bem defensivamente, dizendo "presente" sempre que solicitado; não esteve tão bem quando deixou Nuno Gomes aparecer isolado(18'), nem quando deixou Cardozo antecipar-se no jogo aéreo (34'). E isto passou-se até que o azar lhe bateu à porta e se lesionou com gravidade.
Geromel: Cajuda tem aqui, sem dúvida, um excelente defesa. Aliou à sua altura que lhe valeu supremacia no jogo aéreo, um sem número de cortes e intercepções. A única parte em que não esteve tão bem foi quando chamado a servir de forma jogável os seus companheiros mais adiantados.
Sereno: Defensivamente, esteve igual a si mesmo: sereno. Em termos ofensivos, poucas foram as bolas que conseguiu combinar com Alan, e poucas vezes se viu no ataque com perigo.
Flávio Meireles: Pouco se viu dado que, apesar deter passado um ano no escalão secundário, mantém a sua forma de jogar: cortar e colocar prontamente jogável nas alas ou no meio, demodoa não retardar o cantra-ataque. Até cansou ver a pressão que fez durante todo o jogo.
João Alves: Ajudou a defesa através de vários cortes e intercepções, e, dada a presença de Flávio Meireles, teve ainda tempo para ajudar o seu ataque. Várias foram as vezes que levou a bola desde a defesa até ao ataque, constituindo-se como o elo de ligação entre estes dois sectores.
Fajardo: Visto que tinha atrás de si Flávio Meireles e João Alves, Fajardo foi o elemento mais solto da equipa, dado que foram várias as vezes que se pode ver o ex-Naval 1º de Maio tanto no flanco direito, tanto no flanco esquerdo, nunca deixando de fazer aquilo que bem sabe: passes e fintas no último instante, apoio aos avançados, cruzamentos perigosos (como aos 24 minutos, não fosse o corte de Petit, e aos 86 minutos para remate de Andrezinho), tabelinhas preciosas.
Carlitos: Muito rematador (como aos 4 minutos, após trabalho de Fajardo, que lhe endossou a bola para remate contra um defesa do Benfica, que cortou para canto; na cobrança do livre, bola volta a chegar aos pés de Carlitos, que volta a chutar contra um defesa da equipa da casa), mas muito previsível. Ao início ainda desequilibrou, mas depois os jogadores perceberam o seu truque e cortavam-lhe todas as tentativas de finta. Depois cansou-se, perdeu fulgor e preponderância, e foi naturalmente substituído.
Alan: Esperava-se muito melhor deste jogador, talvez por ter vindo do FC Porto. Pouca bola teve nos pés, também porque poucas vezes a procurou; poucas vezes conseguiu algo de relevante, daí ter sido substituído.
Miljan Mrdakovic: Não fosse Petit, e aos 24 minutos tinha tido certamente uma excelente oportunidade para abrir o marcador. Lutou até à exaustão, mas estava muito sozinho lá na frente.
Ghilas: Pareceu um pouco cansado (talvez devido ao jogo que fez pela sua selecção, aliado às viagens que teve de fazer), e, desse modo, não conseguiu fazer grande coisa. Depois de ter sido uma das principais figuras da sua equipa o ano passado, o argelino entrou, mas não desequilibrou.
Desmarets: Tentou criar espaços, para deste modo receber a bola, o que até conseguiu algumas vezes, se bem que não tenha tirado grandes proveitos daí.
Moreno: Entrou para a defesa devido à lesão de Danilo, mas não se limitou a defender: aos 85 minutos, obrigou Quim a ter de se aplicar, depois de rematar forte e colocado na cobrança de um livre.

Equipa de arbitragem

Árbitro principal: Lucílio Baptista
Árbitros assistentes: Sérgio Lacroix, Venâncio Tomé
4º Árbitro: Luís Reforço

Exibição pouco conseguida da equipa de arbitragem, especialmente do árbitro principal, o internacional Lucílio Baptista, que deu más lições ao quarto árbitro Luís Cansado Reforço (nome deveras curioso), que já vai no segundo jogo como quarto árbitro de um jogo de um dos grandes (na jornada passada tinha estado em Alvalade). Uma dualidade de critérios brilhante, que começou logo ao primeiro minuto, após entrada perigosa de Petit (quem mais...) sobre Fajardo, sem amarelo. Quando é que os árbitros se convencem que as decisões, sejam elas mostragem de amarelos, vermelhos, marcação de penalties) são para serem tomadas, qualquer que seja o período do jogo em que as jogadas se desenrolem? Depois tivemos aos 18 minutos novamente Petit na jogada: sacou uma falta numa zona perigosa; na cobrança do livre, Miguel Vítor faz falta sobre Nilson na pequena-área com o auxílio de um braço: Lucílio não marcou nada. Um minuto depois, tivemos aquele remate perigoso de Nuno Gomes, só que Nuno Gomes estava em fora-de-jogo, não assinalado. Aos 21 minutos, obrigou Mrdakovic a sair por ter a camisola rasgada; que eu saiba, os jogadores só são obrigados a sair quando estão a sangrar; resultado: Guimarães tem uma jogada na área do Benfica sem o seu gigante. Aos 25 minutos, Sereno tira a bola a Nélson de forma limpa, marca falta quando Guimarães ia partir para um contra-ataque perigoso. Nova jogada aos 29 minutos: Lucílio Batista assinala (bem) mão na bola a Andrezinho, só que houve um ligeiro problema: foi a pedido de Coentrão, já que nem Lucílio, nem os seus assistentes podiam ver dos seus respectivos lugares. Aos 45+1', fora-de-jogo mal assinalado a Mrdakovic, que daria lugar a uma jogada perigosa (2 do Guimarães contra 2 do Benfica). Para acabar em beleza a primeira parte, deixa o jogo passar para além da hora, tendo tido oportunidades para terminar o jogo durante esse período, já que a bola esteve parada devido à lesão momentânea de Cardozo; mas Lucílio Baptista não apita quando devia, bem pelo contrário; bola sai para canto; deixa que o canto seja marcado (apesar da demora do jogador do Benfica); na cobrança do canto a bola vai para as mãos de Nilson que ia lançar mais um contra-ataque...mas Lucílio apita mal vê a bola nas mãos de Nilson. Na segunda-parte, pudemos assistir a uma dupla de sonho: Coentrão-Lucílio. Logo aos 50 minutos, o ex-Rio Ave simula uma grande-penalidade (onde é que eu já o vi fazer isto?): Lucílio Baptista limita-se a avisá-lo, quando as "novas" regras (que foram tão anunciadas por Vítor Pereira) penso que dizem que simulação=cartão amarelo. 2º round aos 59 minutos, com nova simulação de Fábio Coentrão...e o sr. Baptista foi na conversa. Como não há duas sem três, aos 62 minutos temos uma nova simulação por parte de Coentrão, numa zona perigosa à entrada da área, após um corte limpo da defensiva vimaranense. Pena que Coentrão tenha sido substituído... De modo a não ser esquecido, Lucílio Baptista, ainda não satisfeito, marcou uma falta aos 90 minutos sobre Romeu Ribeiro, quando este perdeu a bola (mais uma vez sem falta), numa boa zona para um livre directo; como se não bastasse, colocou a barreira uns metros para além do que é estipulado pelos regulamentos (e que agora podemos controlar pela televisão). Depois admiram-se que não haja um árbitro português nos mundiais e europeus...

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