terça-feira, 21 de agosto de 2007

Leixões vs. Benfica, 1-1




Estreia nada feliz de um Benfica apático, perante um Leixões que se estreou com um resultado positivo no seu regresso ao primeiro escalão

Como não há duas sem três, aqui está o terceiro clássico desta primeira jornada, pondo em confronto o Leixões, no seu já saudoso regresso, e o Benfica, terceiro classificado da última temporada, em jogo realizado em casa emprestada (estádio do Bessa séc. XXI), devido às obras que vão decorrendo no mítico estádio do Mar, que poderão servir de pouco (tal como aconteceu no novo terminal do Aeroporto da Portela...), já que agora se fala na construção de um novo estádio para a equipa de Matosinhos. Quanto ao jogo propriamente dito, podemos dizer que o principal favorito à vitória do jogo e à conquista dos três pontos respectivos, o Benfica, não esteve propriamente nos seus dias. E depois das estreias positivas de FC Porto e Sporting, esperava-se que também o Benfica, perante um adversário teoricamente mais acessível do que os dos outros dois grandes, ganhasse o jogo ou que, pelo menos, rubricasse uma boa exibição. Mas não foi nada disso que pudemos ver, bem pelo contrário: tanto uma equipa como a outra não efectuaram uma boa partida. O Leixões cumpriu o seu papel, jogando à defesa e à procura do empate que lhe garantia um ponto e um regresso feliz ao convívio dos grandes, apostando essencialmente em lances de contra-ataque rápido pelos flancos, através de Vieirinha e de Jorge Gonçalves e mais tarde por Nwoko, ou então pelo meio, por Paulo Machado e Pedro Cervantes (e não Cérvantes como o comentador deste jogo insistiu todas as vezes em que este tocava na bola, durante todo o jogo, até o jogador ter sido substituído). Do lado do Benfica, só nos últimos minutos se viu algo (mas pouco), já que durante todo o jogo a posse de bola do lado encarnado não foi perigosa nem contribuiu para grande coisa, já que a grande maioria dessa posse de bola e dessa circulação de bola da equipa que equipou de rosa foi no seu meio-campo, já que os jogadores pareciam estáticos, e, excepção feita aos primeiros minutos (quando ainda tinham frescura física), aos últimos minutos (quando os jogadores olharam para o relógio e para o marcador e viram que algo estava por fazer) ou esporadicamente durante a partida, poucos eram os que procuravam espaços livres de modo a receber a bola ou a criar espaços levando defesas contrários atrás de si. Assim é difícil jogar bem, e, como tal, torna-se mais difícil ganhar. Destaque ainda pela negativa para o modo como o Benfica marcou o golo já numa altura adiantada do jogo e depois ainda "conseguiu" sofrer um golo; o mister Fernando Santos fez uma substituição para queimar tempo; Rui Costa tentou também perder tempo (recebeu amarelo e ainda adiantou mais o relógio), mas os outros jogadores não souberam manter a bola em seu poder por mais 3/4 minutos, quando o tinham feito durante todo o jogo. De um modo geral, foi uma partida equilibrada, com jogadas nas duas áreas. Do lado do Leixões, notou-se a defesa sempre algo insegura, já que após ganharem os lances, os defensores leixonenses ou não conseguiam colocar jogável, ou colocavam jogável...para os jogadores adversários. Outra nota também para o meio-campo dos "Hérois do Mar": nos últimos 15 minutos, ou por estar nervoso, ou por já estar cansado, o meio-campo da equipa liderada pelo mister Carlos Brito não conseguia manter a bola na sua posse. Deu ainda a ideia que o Leixões jogou q.b., isto é, jogou o necessário, preferindo manter o empate no marcador a arriscar em demasia; e, verdade seja dita, Carlos Brito optou e bem por esta estratégia, já que se o Leixões tem arriscado mais, podia ter ganho, mas o mais provável era mesmo abrir espaços na defesa e no sector mais recuado do meio-campo e, assim, sofrer uma derrota. Ligeira supremacia do Leixões no número de remates (ao que eu apurei, 11 contra 10); jogadas de real perigo contam-se com os dedos de uma mão (ou de um pé, se preferirem). A continuar assim, vai ser difícil ao Benfica lutar pelo título, bem como por qualquer outra competição em que a equipa esteja envolvida. O Benfica tem de mudar qualquer coisa, e penso que o problema não é propriamente o treinador: penso que falta algo à equipa, e os novos jogadores estão ainda a adaptar-se a um novo tipo/estilo de futebol, sendo que eles são, por enquanto, promessas. O futuro dirá se eles se irão adaptar, ou se, pelo contrário, não vão passar de promessas. Será que a equipa precisa de outros jogadores? Bem, se até aqui já gastaram 20 milhões de euros, e ainda não conseguiram formar uma boa equipa, é sinal de que esses 20 milhões de euros foram mal aproveitados. E agora aonde é que vão arranjar outros 20 milhões de euros, de modo a reforçar a equipa? É certo que agora têm aí mais 9 milhões de euros com a venda de Manuel Fernandes; porém, nesta fase adiantada do mercado, vai ser difícil arranjar jogadores de qualidade para reforçarem a equipa da Luz, já que a maioria já está colocada. O que agora se vê, pode ser o resultado de um ataque ao mercado de transferências mal calculado. Para finalizar, saudar o regresso do Leixões, este mítico clube à primeira divisão portuguesa, que, penso eu, e sem ter nada contra as outras equipas portuguesas, é o lugar merecido para esta equipa e para os seus sócios, adeptos e simpatizantes.


Leixões
Equipa titular
1-Beto
20-Marco Cadete
4-Élvis (cap.)
5-Nuno Diogo
3-Ezequias
14-Bruno China
8-Pedro Cervantes
6-Paulo Machado
17-Vieirinha
19-Jorge Gonçalves
9-Roberto

Suplentes
77-Jorge Baptista
13- Joel
2-Rúben
25-Jorge Duarte
7-Hugo Morais
18-Nwoko
28-Tales Schutz

Substituições
72'-Entrou Nwoko, saiu Jorge Gonçalves
78'-Entrou Tales Schutz, saiu Roberto
86'-Entrou Hugo Morais, Pedro Cervantes


Benfica
Equipa titular
12-Quim
22-Nélson
8-Katsouranis
23-David Luiz
5-Léo
6-Petit (sub-cap.)
2-Luís Filipe
25-Nuno Assis
10-Rui Costa
21-Nuno Gomes (cap.)
7-Cardozo

Suplentes
24-Butt
28-Miguel Vítor
11-Miguelito
15-Andrés Diaz
16-Fábio Coentrão
19-Bergessio
9-Mantorras

Substituições
56'-Entrou Bergessio, saiu Nuno Gomes (passando Petit a capitão)
70'-Entrou Fábio Coentrão, saiu Luís Filipe
90+2'-Entrou Andrés Diaz, saiu Nuno Assis


Disciplina
58'-Roberto (A)
67'-Nuno Assis (A)
90+3'-Rui Costa (A)
90+4'-Nwoko (A)


Golos
0-1, Petit (90')
1-1, Nwoko (90+4')


Análise individual
Leixões
Beto: Seguro com as mãos e com os pés. Só teve um pequeno acidente de percurso: aos 89 minutos, não se entendeu com Nuno Diogo, que cabeceou para Bergessio (quando tinha Beto atrás), que depois chutou e viu Nuno Diogo cortar em cima da linha, indo depois a bola para canto, canto este que deu origem ao primeiro golo da partida. Sem grandes culpas no lance do golo, já que a falha aconteceu na defesa: apareceram, para além de Petit, Cardozo e Fábio Coentrão sem qualquer tipo de marcação.
Marco Cadete: Jogador muito aguerrido e lutador; combinou ainda muito bem com Vieirinha ao longo do jogo, participando e muito nos lances de teor ofensivo da sua equipa. Em termos defensivos, conseguiu anular Nuno Assis e Léo.
Élvis: Foi o capitão de equipa que ficou com a tarefa de marcar Cardozo, com um saldo bastante positivo. Esteve em pleno destaque nos lances de jogo aéreo, ganhando praticamente todos, se é que não os ganhou todos...
Nuno Diogo: Exibição oscilante, por via da jogada acima referida com Beto, e também devido à jogada do golo. De resto, teve em grande destaque na primeira-parte, altura em que foi o autor de vários cortes preciosos.
Ezequias: Tal como Marco Cadete do outro lado da defesa, também Ezequias esteve em bom plano, e com um desempenho e em tudo parecido com o deste jogador: cortou quase todos os lances de Luís Filipe e de Nélson, e ainda arranjou tempo para ir dar uma achegazinha ao ataque. Apontamento negativo para o lance em que cometeu grande penalidade sobre Nuno Assis, que, a ter sido vista pelo árbitro, lhe poderia valer um cartão amarelo.
Bruno China: Um autêntico poço de força este médio-defensivo, que funcionou variadas vezes como um quinto defesa. E foi precisamente neste seu papel de trinco que cortou muitas bolas ao meio-campo das águias.
Pedro Cervantes: Sempre muito móvel este médio-interior/médio-centro, que procurou sempre a bola, tentando sempre criar linhas de passe aos seus companheiros de equipa. Teve ainda forças para correr em auxílio da sua defesa, tendo feito alguns cortes importantes.
Paulo Machado: Com um trabalho idêntico ao de Pedro Cervantes, mas com uma pequena diferença: é um jogador mais ofensivo e, deste modo, participou em maior número em jogadas de cariz ofensivo, assim como deu uso ao seu conhecido forte remate.
Vieirinha: Tentou várias vezes entrar em jogadas de um-para-um, que é o seu forte, conhecendo destinos diferentes a essas suas jogadas; porém a maioria destas jogadas resultou. Aliado a isso, fez uso do seu pontapé (como aos 32 minutos, quando tentou fazer um chapéu a Quim), e fez ainda vários cruzamentos perigosos (destaque aos 24 minutos, quando centrou a bola direitinha para Roberto, numa jogada de relativo perigo).
Jorge Gonçalves: Não se destacou tanto como Vieirinha no plano individual, já que se "sacrificou" em prol do colectivo. Outro jogador que se entregou de corpo e alma, que correu muito, ajudando também a fechar o seu flanco; o cansaço derivado desta correria levou a que fosse o primeiro a ser substituído na sua equipa.
Roberto: Jogador que se destaca pela sua envergadura física, e da qual fez bom uso no decorrer deste jogo, tanto no ataque, beneficiando da pouco rotinada dupla de centrais, como na defesa. Ganhou vários lances de bola aérea, chutou algumas vezes à baliza contrária; correu e lutou imenso; fez de primeiro defesa; teve uma grande cabeçada, para defesa não menos inferior de Quim, aos 24 minutos, a cruzamento milimétrico de Vieirinha; enfim, só lhe faltou mesmo um golo.
Nwoko: Foi destaque em vários jornais e telejornais por ser a surpresa na convocatória; o que é certo é que poucos podiam adivinhar que ele iria ser decisivo para o jogo. Entrou já em fase adiantada do jogo, assistiu ao golo da outra equipa, para depois restabelecer o empate à segunda tentativa, depois de, no mesmo lance, ter visto o seu primeiro remate ser interceptado por Léo. Ficam ainda na memoria as suas mudanças de velocidade, típicas de um jogador africano. Quem diria que este jovem veio do campeonato maltês...
Tales Schutz: Apesar de ter estado na origem do golo do empate, este brasileiro (que veio do South China, equipa de Hong-Kong que há poucos dias jogou com o Liverpool) mostrou-se sempre algo nervoso e precipitado, não conseguindo manter a bola em seu poder durante muito tempo.
Hugo Morais: Determinante no lance do golo, ao centrar atrasado para Nwoko. De resto, pouco mais se viu, já que pouco tempo mais teve.


Benfica
Quim: Algumas defesas de elevado nível, tentando retardar ao máximo o golo do Leixões, que acabou mesmo por acontecer, não se podendo atribuir qualquer tipo de culpas ao guardião português nesse mesmo lance.
Nélson: Muito longe daquele Nélson interventivo nos lances de cariz ofensivo. Teve sempre uma forte oposição à sua frente, que lhe colocava sempre sérias dificuldades. O entendimento com Luís Filipe também não foi o melhor,o que também não o ajudou a subir no terreno, fruto das habituais tabelinhas que faz com os seus colegas de equipa.
Katsouranis: Fruto da sua adaptação a uma nova posição, o jogador grego apresentou-se algo nervoso nos minutos iniciais. Passado que estava esse nervosismo, pode fazer vários cortes preciosos, assim como estar presente no lance do golo da sua equipa, desviando ao primeiro poste.
David Luiz: Talvez fruto desta nova dupla, o jovem defesa brasileiro mostrou alguma precipitação no decorrer do jogo. Apesar disso, foi o pronto-socorro de Nélson e de Léo quando estes precisaram, fazendo-lhes a dobra; sempre autoritário no jogo aéreo; fez ainda vários cortes preciosos.
Léo: Tal como aconteceu na equipa do Leixões, também no Benfica os dois laterais tiveram desempenhos idênticos. Com Vieirinha à sua frente, Léo teve sempre dificuldade em acompanhá-lo (a idade não perdoa...).
Petit: No estádio dum clube que bem conhece, o "pitbull" teve um jogo à sua imagem, em que cada lance é encarado como uma batalha, e para ele só existem duas opções: ou vai, ou racha. Devido à grande densidade no meio-campo, não teve muitas chances para pôr o seu remate em acção (apenas num livre, que foi contra a barreira); porém, foi dele o primeiro golo do Benfica nesta nova temporada.
Luís Filipe: Perdeu muitas bolas, os passes nem sempre iam para o local desejado, o apoio a Nélson também não foi muito, assim como o apoio aos avançados, lento a decidir e a executar. Enfim,nada bem para primeiro jogo na liga...
Nuno Assis: Outra exibição nada boa na equipa encarnada, constituindo-se como um mau regresso à competição. Destaque ainda para as faltas perigosas que cometeu, e que, com outro árbitro mais atento, lhe dariam acesso certamente a uma expulsão. Poucas vezes conseguiu utilizar uma das suas armas: a velocidade.
Rui Costa: O maestro foi um dos que se mostrou mais insatisfeito com o resultado, travando uma batalha com um destino, à partida, nada prometedor: várias vezes, foi ele contra os outros. Vários passes fantásticos (6, 26, e 81 minutos), e ainda algumas tentativas de remate (como aos 20 minutos) do jogador talvez mais inconformado da equipa.
Nuno Gomes: Correu muito, mas pouco conseguiu, em grande parte devido à defesa leixonense que foi praticamente intransponível. Foi logo o primeiro a sair na equipa encarnada (não esquecer que vem de lesão...).
Cardozo: O reforço mais caro do Benfica para esta época (pelo menos até agora...) não teve uma estreia muito feliz no campeonato: a marcação vinda de Matosinhos foi impiedosa. Resultado: Cardozo teve de descer muito no campo, para assim poder estar em condições de receber a bola. Apesar de tudo, lutou enquanto a bateria funcionou.
Bergessio: Entrou com ganas, imprimindo maior velocidade ao jogo benfiquista, mas sem ser acompanhado pelos seus colegas. Após este período inicial, também ele adormeceu. Aos 83 minutos, foi o intérprete de um remate em que fica a ideia de que ele podia e devia ter feito bem melhor(dá ideia que colocou o corpo em demasia para trás e, assim, a bola subiu muito), isto apesar do fora-de-jogo no início da jogada.
Fábio Coentrão: Vai deixando bons pormenores, como a velocidade, o drible, e outros maus, como a falta de poderio físico e o facto de se atirar muito para o chão (já se tinha visto isso no Mundial de sub-20).
Andrés Diaz: Entrou para queimar tempo. Nem sei se chegou a tocar na bola... A rever.

Equipa de arbitragem

Árbitro principal: Jorge Sousa
Árbitros assistentes: José Ramalho, José Luís Melo
4º Árbitro: Marco Ferreira


Arbitragem com alguns erros marcantes para o jogo. Uma delas passou-se quando aos 76 minutos o árbitro não assinalou uma falta cometida por Ezequias sobre Nuno Assis, falta esta que foi dentro da área e, deste modo, daria origem a uma grande penalidade. Aquilo que Ezequias queria fazer era uma carga de ombro (o que é legal); todavia, como Nuno Assis é de baixa estatura, em vez de encontrar o seu ombro, encontrou o seu rosto e, como tal, fez um penalty claríssimo sobre Nuno Assis. O problema é que aos 67 minutos, Nuno Assis deveria ter sido expulso depois de um entrada de pé em riste sobre Roberto (se Roberto tem o pé assente no chão, estaria neste momento certamente lesionado), que, a julgar pelas leis de arbitragem, seria passível de cartão vermelho (e não apenas cartão amarelo, como aconteceu a este jogador), dado que se trata de uma entrada violenta. E aqui há outro problema, visto que houve uma dualidade critérios, curiosamente entre estes dois jogadores: Roberto viu um amarelo por ter colocado a mão na bola deliberadamente; Nuno Assis rasteirou um jogador leixonense...nem falta nem amarelo, siga! Moral da história: Nuno Assis não deveria ter acabado jogo. Outro caso em que o árbitro ajuizou mal passou-se aos 83 minutos, quando Bergessio poderia ter marcado um golo decisivo para o encontro, quando estava em posição irregular. Felizmente para a equipa de arbitragem, o argentino chutou por cima, senão muita tinta teria corrido certamente. Outra jogada, menos falada, passou-se aos 83 minutos, quando Paulo Machado tira a bola de forma limpa a Petit que se atira manifestamente para o relvado, e o árbitro marcou falta, cortando assim um possível lance perigoso de contra-ataque.

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